"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Voltaire

domingo, 17 de abril de 2011

TEMPOS DE CONSCIÊNCIA


O mês de abril teve um início triste. Primeiro, o caso de preconceito sexual durante uma partida de vôlei masculino em Minas Gerais. Durante a qual um dos jogadores foi ofendido pela torcida adversária. Segundo, o ocorrido no bairro de Realengo – no Estado do Rio de Janeiro – em que 12 estudantes foram mortos por um indivíduo desequilibrado.
Entendo que a sociedade possui problemas. Estes de diferentes proporções, variantes de origem pessoal ou mesmo coletiva que requerem soluções imediatas. Porém, como resolver essas variantes? As pessoas estão cada vez mais ignorantes, mais individualistas, mais introspectivas, mais incompreensivas. Quebrar esse escudo criado por elas não é fácil, mas possível.

O jogador humilhado durante o jogo é uma das muitas vítimas desse tipo de agressão. Geralmente, elas sofrem caladas porque se sentem acuadas pela opinião pública. Isso acontece não somente nos esportes, também nas escolas, nos locais de lazer e até na Câmara dos deputados. Vejam só! Quem deveria ajudar a combater essa situação, a apoia. Exemplo polêmico disso é o deputado federal – pelo PP – Jair Bolsonaro , famoso pelas suas frases preconceituosas.

Já na escola do Rio a situação está relacionada a um conflito sociopessoal. No entanto, por mais que eu tente rotular esse conflito é injustificável aquele acontecimento. Pois como alguém no contexto dos dias atuais, se comporte assim? Infelizmente nem a medicina possui resposta definida. Calharia agora muito bem a frase de Rousseau: “O homem é produto do meio.”

A investigação policial revelou que o assassino de Realengo possuía certos distúrbios mentais. Tinha sintomas de esquizofrenia, aliado aos constantes ataques de bullying sofridos quando menor. Além disso, perdeu os pais ainda pequeno. E quem o amparou? Ficou jogado de lado (sem considerar a sua mãe postiça). Igual a algo sem valor. Todo ser humano precisa de carinho, amor e atenção. Privá-lo dessa necessidade, é sentenciá-lo a um mal.

Portanto, em que se aproximam essas temáticas? Preconceito e amparo humano? Penso não ser difícil responder. Família. Como disse Mário Sérgio Cortella, a família tem sido reformatada sob os moldes da praticidade. Os pais não têm tempo de ensinar a seus filhos os aspectos morais de comportamento e suas peculiaridades. Logo, seus filhos são influenciados pela mídia e o meio em que vivem.

Enfim, todos nós temos uma parcela de culpa nos episódios de nossa comunidade. Na negligência paternal, na omissão de conduta, nas palavras ditas sem pensar. Somente haverão de ocorrer mudanças, quando mudarmos. Claro, isso não é da noite para o dia. Leva tempo. É necessário constância. Apenas assim é que poderá surgir dias melhores para todos.