Vivemos
em uma ininterrupta enxurrada de informações. Elas que nos afogam
todos os dias através das mais variadas formas como pela televisão,
pelo rádio, pela internet. O avanço da mídia na vida das pessoas
já deu o sinal de como muitos são influenciados pelo que é dito,
re-dito e re-escrito ali. Já está passando da hora do receptor
disso tudo passar um pente ultrafino no conteúdo transmitido a ele,
mesmo porque, a mídia idiotiza o seu público que deve assistir
resignado a seu trabalho.
Um
dia desses ao ler a Revista Época, em um trecho de entrevista com
Humberto Eco, ele discutia a proposta da “Teoria da Filtragem”.
Até recorda as épocas de censura, porem aqui com outra finalidade:
o esclarecimento. A teoria seria melhor elaborada pelas universidades
no intuito de atentarem mais a sociedade quanto ao que é repassado a
ela pela mídia. Basta ver a grade de programação dos inúmeros
meios jornalísticos para comprovar a imensidão de programas que
idiotizam o recebedor das notícias: sobre famosos, sobre comidas
que ninguém nunca faria, sobre os porquês das micoses em pele de
cachorro.
O
final do parágrafo anterior lembra bem os moldes da tevê, assim
como a internet, que também não fica atrás. É visível que nem a
tevê e nem a internet possuem um critério de seleção de fatos
para o seu público. Simplesmente jogam lá. Não provocam estímulos
críticos no público. Não formam Seres Pensantes, formam Seres
Alienados. Trabalham no dever de entupir as pessoas de informação,
informação, informação. Só isso. Não explicam o porquê dos
acontecimentos. Lembro-me das revoltas no mundo árabe e as
comparações da grande mídia – “Primavera Árabe, Primavera
Árabe!”. Mas afinal, será que todos que receberam essa informação
sabiam da origem de seu nome?
O
excesso de informações não significa (essencialmente) conhecer
algo, disse o sociólogo francês Edgar Morin. Se não existe
discussão, contraposição de ideias, não haverá aprendizagem e
então, o real conhecimento da situação. As consequências desse
excesso informacional levam o homem ao estresse e à baixa
concentração. Aliado a tais fatores, estão o modo de uso, por
exemplo, da internet com coisas sem muita funcionalidade: bate-papos
e jogos on-line e notícias irrelevantes. Devido a isso, já existem
pessoas neuróticas para atualizar seu banco de dados cotidianamente
na Web, afim de saber se há alguma fofoca nova (né Facebook).
Por
fim, informação mal explicada não é ruim, só provoca mal-estar.
É tanta notícia/informação ruim que nos bombardeiam, programa
após programa, que se sentir bem significa estar imune. Nunca estive
imune, e espero nunca estar. Pois aí terei, mesmo minimamente, a
certeza de que ainda posso tentar lutar contra a baixa qualidade do
conteúdo midiático. Seria muito melhor informação de menos, para
discussão muito mais.
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