Vi um dia desses na televisão, em um programa de canal fechado, uma discussão sobre o atual comportamento da sociedade brasileira. Era posto em pauta a forma de relacionamento entre os indivíduos e o meio com a liberdade. E, um dos convidados pelo programa falou algo que me chamou a atenção: “Por não conhecermos as pessoas que nos cercam, vivemos condenados ao medo e ao constante estado de apreensão”.
Fui refletir sobre aquela frase, e cheguei a conclusões quase certas e notórias: vivemos em um binômio de segurança-insegurança. Quantas famílias pagam condomínios caríssimos, investem na blindagem de seus carros e chegam ao cúmulo de vigiar/rastrear seus filhos. Não seria demais pensar nisso, enquanto uma sociedade vive em constantes ondas de criminalidade, por sujeição dessas condutas.
A necessidade de liberdade para qualquer ser humano instiga-o a se desamarrar de toda uma cadeia que a ele foi imposta. Cadeia esta envolta pela família, pela Igreja, pelo Governo que não estruturam harmoniosamente a cabeça de futuros adultos. Assim, esses futuros adultos passam por crises de idade e não sabem como agir em determinadas circunstâncias da vida. Por exemplo, quando um casal resolve se casar mas ainda tem medo de abandonar as mordomias de solteiro.
Da frase dita pelo convidado ao programa de canal fechado, pode-se ver também que as crianças sofrem. Elas são privadas de se divertirem por estarem aprisionadas dentro de casa. Isso me veio quando ouvia a uma rádio de notícias, em que Gilberto Dimenstein concluía essa ideia: “a criança tem sido tanto superprotegida pelos pais por causa da crescente violência, que os pequenos vêm gerando doenças como a obesidade.” Vejam só! É um mal que leva a outro mal. Mas, infelizmente essa foi a única solução encontrada para a não ocorrência do pior.
Então, eu poderia tentar resolver uma questão: será que a sociedade está doente por uma psicopatologia (copiando Lúcio Malagoni, do O Popular) que é fácil de ser diagnosticada e difícil de ser curada? Provavelmente sim. Não seria trabalhoso apontar problemas para as causas das inúmeras dificuldades do meio humano. A questão é como resolvê-las. Quando isso tiver sido descoberto, enfrentado e combatido eu serei o primeiro a derrubar o meu muro.
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