Simanca
em brasiliaempauta.com.br
Não
é de hoje que as pessoas confundem certos assuntos (especialmente os
polêmicos) com o viés religioso. Isso porque o raciocínio
inflexível da Palavra Sagrada faz com que alguns religiosos levem ao
pé da letra sua criação catequética para a sociedade. Isto é,
como se outras crenças ou dogmas fossem totalmente errados, da mesma
forma que determinados comportamentos sociais também. Quando um
representante do povo expõe sua opinião ela deve, necessariamente,
ponderar imparcialidade e honrar a população. Conduta ultrajada nas
últimas semanas pelo até então presidente da Comissão de Direitos
Humanos deputado e pastor Marco Feliciano.
Pelo
menos no Brasil, sempre escutamos conselhos para não discutirmos
sobre religião e política. Sobre o primeiro concordo evitar por ser
de foro particular, mas sobre o segundo não por ser de foro público.
Mesmo porque, vem da política as decisões que afetarão a vida de
todos. Porém, as circunstâncias que envolvem Marco Feliciano tem
relação com as duas temáticas: da sua dificuldade em separar as
duas esferas. Dessa maneira, assuntos espinhosos como homofobia e
racismo são julgados, analogamente, a doenças no púlpito por ele.
O
uso da influência religiosa para modificar politicamente a postura
da sociedade, tem sido uma das “armas” utilizadas por muitos
pastores nas Igrejas. Malafaia, Valdomiro são exemplos, e agora, o
senhor Marco Feliciano entra também para o rol. Criticar as pessoas
baseando-se unicamente em suas experiências indica pré-conceito,
limitação de conhecimento e de entendimento das diferenças. No
caso, espera-se que um presidente de uma Comissão dos Direitos
Humanos seja humano para perceber que os outros pensam e possuem
sentimentos diferentes dos seus.
Toda
essa polêmica em torno desse pastor é fruto de seus pensamentos
bíblicos exagerados (e convenhamos, de muitos outros contra o
deputado), por ser presidente da referida comissão. Se abrangermos a
nossa análise, veremos que a própria Bíblia reprova a atitude do
pastor: “Não julgueis para não seres julgado”. E, até a
Constituição Federal, do mesmo modo, não incrimina, tecnicamente,
as pessoas pela sua opção sexual. A tentativa de manipulação das
pessoas pelo uso de leis é antiga e, ainda, certas minorias teimam
usá-las. O Estado Democrático de Direito não tem o poder de
comandar os quereres de seus cidadãos nem permitir que seus agentes
públicos tomem deliberações por livre espontânea vontade. Ato
torpe este escancarado na Câmara.
De
qualquer maneira, apesar do Brasil ser predominantemente cristão há
grandes chances de se liberar o casamento homoafetivo. Pode demorar
um pouco, entretanto, o Estado laico não pode determinar suas
decisões com base na Bíblia, assim como um deputado também não. O
pastor Marco Feliciano tem que aprender a parar de misturar os
conceitos. Pois, destarte, já dizia Maquiavel em seu livro que
devemos saber distinguir o público do privado. Só
então alguém com Poder saberá corretamente manuseá-lo a favor de
todos, e não seguindo ideias próprias.
***VÍDEOS
*ENTREVISTA - DEPUTADO MARCO FELICIANO À FOLHA DE S. PAULO
*ENTREVISTA - DEPUTADO MARCO FELICIANO À FOLHA DE S. PAULO
*AGORA É TARDE - com MARCO FELICIANO
*FELICIANO CITA "SATANÁS" COMO PREDECESSOR A ELE NA CDHM
*"O BRASIL VIVE NUMA DITADURA GAY", diz MARCO FELICIANO
* SILAS MALAFAIA DEFENDE MARCO FELICIANO