A
maioria das pessoas, a cada dia, deixam-se levar pelas opiniões dos
outros sem demostrar a sua verdadeira vontade. Uma atitude que veio
sendo construída na sociedade entre avós, pais e filhos com uma
“lei de censura de opinião”. Dessa forma, discordar ganha um
caráter particular de ofensa a quem crítica, o que pode não
evidenciar a verdade.
Há
tempos, grande parte das pessoas eram instigadas, desde pequenas, a
aceitarem sem contestação a opinião de alguém mais velho. Hoje,
isso não é diferente. É sim, merecido e valoroso escutar alguém
com mais experiência de vida. Porém, deve-se também saber separar
a parte boa dessa sabedoria, para agora, somá-la a novas
experiências.
O
antropólogo Roberto DaMatta, em um de seus textos, argumenta sobre a
relação hierárquica de submissão familiar. A expressão já muito
utilizada pelos pais: “Não fala assim, menino, pede desculpas
agora!”, reflete a cultura intrínseca ao ambiente familiar, diz. É
como se o garoto não pudesse ver de um ângulo oposto, o visto pelo
pai, avô, tio. Infelizmente, poucos entendem a importância dessa
prematura opinião contrária para a formação do indivíduo dentro
de uma sociedade regida pelo pensamento coletivo.
Pensar
criticamente faz-se necessário para existir a ordem e o progresso.
Mesmo porque, é na educação, é na política que decisões
relevantes serão discutidas pelos cidadãos, e sentidas por todos.
E, a solução dessas discussões – geralmente, a melhor possível
– advém do debate crítico. Assim como disse César Benjamin, em A
astúcia da Razão, pela Folha de S. Paulo, o esforço
intelectual tende a desviar-se do senso comum. Portanto, discordar
não significa ser inimigo, e sim ser um observador diferente do
habitual (do mecanizado).
Em
suma: é o pensamento divergente que, de forma racional, constrói a
sociedade. Opiniões contrárias sempre existirão, e são úteis
para aprimorar várias perspectivas. Agora, bom mocismo ou comodismo
atrapalham o avanço em comunidade. Pois, deixar de criticar por medo
ou preguiça qualquer situação, pode agravar o problema, seja ele
pessoal ou social. No entanto, usar da “máscara da falsidade”
para agradar aos outros, cedo ou tarde, será um problema. Lutar
contra isso deve ser algo difundido no presente, para dar bons frutos
no futuro.