"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Voltaire

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O SER HUMANO TEM SIDO VALORIZADO? ou OS VALORES HUMANOS ESTÃO SE PERDENDO?


Não é de hoje que as pessoas de nosso século vêm apresentando quadros de apreciável frieza, acompanhadas de doses intermitentes de indolência pulsativa. A normalidade com que os fatos são incutidos pela tevê – acidentes, roubos e mortes – a construção de um espaço voltado para a superficialidade humana, e a montagem de um imenso descompasso familiar conjugam num mar de desprezo às boas qualidades do ser humano. O problema perfaz-se em rearranjar toda essa questão, pois o dinheiro e a insensibilidade têm tomado conta de tudo.

No mundo o qual vivemos, pouco se fala em dinamizar as relações coletivas de maneira coesa. Ou seja, relacionar-se de forma construtiva e harmoniosa. Isso não. O indivíduo cada vez mais é estimulado a se afogar em um contexto de proteção a si mesmo contra o outro, algo incumbido pelo capitalismo no trabalho, nas ruas e até em casa. “Busque o melhor emprego acima de qualquer coisa. Compre seu carro. Gaste, gaste. Viva feliz.”

Sempre fui educado na lógica do conservadorismo social: “Bom dia!; Como vai?; Desculpe!; Com licença; Obrigado!.” Estes, simbologias de respeito e cordialidade que estão sendo perdidas com o tempo. Parece que as pessoas criaram um portão invisível (uma barreira, um bloqueio quase instintivo) difícil de transpor, que dificulta a comunicação e, consequentemente, a interação. Por isso, ser educado é tão estranho ou admirável, quanto ficar quieto e calado nesta confortável posição inercial.

A mente humana se acostuma facilmente com muitas situações, um perigo para a vida em sociedade. Exemplo: quem se revolta, faz panfletagem, “quebra o pau”, quando vê seres humanos morrerem em filas de hospitais; ou, perderem suas casas em uma enchente por incompetência do Governo; ou ainda, verem vidas sendo extirpadas por um trânsito feroz? Quem? A tendência é o menosprezo pelo lado humano, pelo culto ao dinheiro. Aquele que queira lutar contra essa sistematização, corre o risco de ser desprezado e esquecido. A única andorinha em pleno inverno.

A vida no século XXI é resultado de anos já vivenciados por nossos poetas românticos – “o tédio do mundo”, a falta de apreço pelo essencial, o gozo pelo passageiro. O valor que deveria ser dado ao indivíduo, a seu poder de inflamar o espaço em que vive, decorre então da simples vontade do capital. E, da veemente perda de benevolência do coração humano. Agora, lutar contra a perda dos sentimentos (dos valores humanos), será o maior desafio a ser vencido. Mesmo porque, o homem já é objeto de seu próprio monstro.

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