“A
Medicina é uma ciência social, e a política não é mais que a
medicina em grande escala.”
Nas
últimas semanas, o Brasil tem passado por uma avalanche de protestos
e revoltas populares em razão de sua dinâmica atual. Todas, com
razão, ganharam repercussão internacional pela já famosa má
administração pública nos transportes, na educação, na política
e na saúde. Então, com a necessidade de dar uma resposta a
sociedade sobre as questões levantadas, Presidenta Dilma divulgou
vídeo oficial no dia 21 desse mês pontuando possíveis soluções.
Reiterou seu posicionamento em outro vídeo oficial divulgado ontem
(24), sobre a necessidade imediata de validação de diplomas médicos
vindos do exterior para suprir a suposta falta destes profissionais
no interior do país. Atitude de cunho político e de pouca
resolutividade, em um ano à vésperas de eleições.
É
de conhecimento notório quanto a realidade da saúde pública nos
estados e municípios da Federação. O sucateamento dos serviços
essenciais de atenção à saúde da população não é novidade,
pois são negligenciados desde a ditadura militar. A falta de
planejamento e efetivação de propostas que circulam na pauta da
Câmara e do Senado emperram que mudanças mais profundas ocorram
(mesmo gradualmente) na área. Mas não só isso, desde o desvio de
dinheiro até a falta de vontade política contribuem gritantemente
para que nada mude. Assim, os poucos hospitais que existem não
comportam a demanda, além de faltarem profissionais especializados
e, até mesmo, material básico nos Cais e Prontos-Atendimentos para
o trabalho sem improvisos.
Porém,
não é dessa forma que o Governo vê o Sistema Único de Saúde
(SUS). Para ele, há vagas suficientes nos hospitais públicos e são
oferecidos ótimos salários para médicos e outros profissionais da
saúde. Por isso, não concorda com o progressivo esvaziamento de
médicos das cidades interioranas porque simplesmente faltam
remédios, faltam instrumentos clínicos, faltam produtos de limpeza.
Para contrária-lo de vez, o Conselho Federal de Medicina, o Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo e a Universidade de São
Paulo em parceria, realizaram uma ampla pesquisa – “Demografia
Médica no Brasil, Cenários e Indicadores de Distribuição” –
sobre a distribuição de médicos pelo país. A conclusão foi de
que na região Sudeste, existem 2,67 profissionais por mil
habitantes. No Sul do país, a proporção é de 2,09, seguido do
Centro-Oeste (2,05), Nordeste (1,23) e Norte (1,01). Para
a OMS deve haver no mínimo um médico para cada mil habitantes.
A
desigualdade regional se intensifica na comparação entre cidades do
interior e as capitais, onde a proporção destes profissionais pode
chegar a ser quatro vezes superior ao verificado no interior. Tudo
porque a falta de atrativos, tanto financeiros quanto estruturais,
podem colocar em risco a carreira desse profissional. Dessa forma,
uma medida puramente simplória tenta minimizar as questões mais
sérias do contexto: facilitar a entrada de médicos do exterior.
Bem, não teríamos nada contra eles caso consigam aprovação em uma
prova via Revalida para conseguirem permissão para a prática da
Medicina. Contudo, o Governo Dilma tenta afrouxar as rédeas para
legalizar qualquer um que tenha feito o curso de medicina fora.
Sabe-se que muitos países latinos não possuem uma medicina de
excelência, podendo vir a colocar a população nas mãos de pessoas
com conhecimento duvidoso.
Apesar
de tudo, também não podemos esquecer de nossas faculdades de
medicina. Em sua grande maioria, quanto a prática discente e
metódica é bem feita e amplamente aprovada pelos órgãos de
fiscalização médica. Ainda que isso seja louvável, ora outra saem
médicos com pouca qualificação. Portanto, da mesma forma que os
recém-graduados em Direito se submetem a prova da OAB, os
recém-graduados em Medicina também deveriam se submeter a prova dos
Conselhos da área. Não é porque se estuda aqui que ganha, por
extensão, o direito de exercer a medicina. O bem mais valioso de
alguém é confiado àquele praticante da medicina, logo, espera-se
competência e sabedoria desse profissional.
Enfim,
permitir que pessoas com um “suposto” diploma de medicina atuem
sem uma averiguação de seus conhecimentos pode se tornar uma grande
problemática futuramente. Não estão faltando somente médicos nos
interiores, mas sim prefeitos, vereadores e deputados preocupados com
a situação de sua população. O povo deve lutar para melhorar a
saúde a qual utiliza. Mesmo porque, é ele que faz uso do SUS
independente de qual nacionalidade seja o seu médico. E, que se
atente, como vem fazendo nessas últimas semanas, às atitudes de
seus governantes: eles facilitam ou dificultam a nossa vida. Torço
para que, caso alguém fique doente nessa luta, não precise do SUS
para ser atendido pois, ele mesmo está precisando de uma UTI.
Leia também:
“MAIS IMPOSTOS, MENOS SAÚDE. MAS NÃO ESQUEÇAMOS: TEMOS COPA EM 2014”
***VÍDEOS
*PRESIDENTA PROPÕE PREBISCITO
*DEPUTADO MANDETTA (DEM - MS) FALANDO SOBRE MÉDICOS ESTRANGEIROS
Nenhum comentário:
Postar um comentário