No contexto em que a sociedade do século XXI se encaixa hoje, viver o sentido da palavra felicidade é regra, o que se faz um problema. Não que compartilhar o conceito desse substantivo seja um encalço, mas sim a forma deturpada com que ele ganhou ao passar do tempo. Extirpar os momentos de sofrimentos ou dor da vida e recheá-los de descontração, alegria e risos, é melhor que a realidade. Infelizmente, as pessoas estão caminhando nessa direção, e não percebem como pode ser difícil sair dela depois, visto que é prejudicial a formação da pessoa a “maquiação” de sua vida.
O sistema capitalista foi um dos principais causadores da mutação do verdadeiro ser feliz. Formatando um mecanismo de consumo em que cada pessoa gasta seu dinheiro com mercadorias e produtos, empurrados pela mídia sensacionalista, vendem a ideia de se investir no momento, no presente. Isso porque não importa o dia seguinte, o mês seguinte, o futuro. O importante é viver o instante. Assim caracterizou Luciene Godoi em seu artigo no O Popular: “vivemos a era do gozo”.
As pessoas pouco foram instruídas a criticar os fatos à sua volta, então deixam-se levar pelas vontades instituídas pelo sistema. Ou seja, agem no intuito de agradar aos outros, tão pouco a si. Isso fica claro nas relações entre adolescentes. Segundo Gilberto Dimenstein, em seu texto pela Folha de S. Paulo, os jovens passam por uma fase de transição complicada. Pois, além de conviverem com a pressão social – devido a temas diversos –, passam por crises de frustração, baixa autoestima e a necessidade de testarem certos limites.
Para a construção psicológica e moral de um indivíduo dotado de sentimentos verdadeiros – e não manipulados pela massa –, pode ser conveniente os sobressaltos da vida. A partir disso, moldar um ser humano capaz de enxergar a real noção da felicidade ficaria menos complicada. A relação entre as pessoas seria diferente e, talvez, mais harmônica e fraterna. Evitar as frustrações e a dor dos caminhos da vida de alguém, é negá-la de viver a completa felicidade advinda por um momento futuro (a sabedoria talvez).
Por fim, a era do gozo está presente no meio social. E sendo ela proporcionada pelo princípio do consumismo, cabe a cada um atentar-se a intervenção que ela fará em seu dia a dia. Não há significado em viver “plenamente feliz” nesse tipo de era. É preciso introspecção, reflexão. Atingir esse estágio de pura submissão ao sistema, implicaria em um perda substancial das pequenas felicidades da vida. E, portanto, da autêntica denotação de ser feliz.
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