O
Brasil possui inúmeros heróis além daqueles que figuraram no
quadro da História nacional. Dia 21 de abril comemora-se a luta de
um deles: Tiradentes. Mas até que ponto estes heróis nacionais são
vivificados pelas pessoas nas mais variadas datas históricas do
país? Qual é o dia do Índio, o dia do Negro, o dia do Trabalhador,
que possua uma reflexão da situação pretérita? Não existe o
reconhecimento do povo pelos heróis, e, por isso talvez, a
“aparente” falta de apreço de muitos. É isso que os personagens
do momento contradizem, tal como o ex-presidente Lula e o famoso
Capitão Nascimento que incorporam fidedignamente a caricatura do
povo.
Acusado
de rebelar-se contra a Coroa portuguesa no século XVIII, o alferes
do Regimento de Cavalaria de Vila Rica, Joaquim José da Silva Xavier
– o Tiradentes, foi morto e esquartejado aos 46 anos de idade por
defender o que achava ser o ideal mais importante para todo homem:
sua Liberdade. Lutou pela independência do Brasil na taxada
Inconfidência Mineira, a fim de extirpar de vez a exploração
portuguesa. Devido as inúmeras manifestações sociais pelo mundo
frente às Grandes Nações, Tiradentes e outros companheiros foram se inspirar nos ideais da Independência dos EUA (1776) e da
Revolução Francesa (1789). Hoje Tiradentes é considerado o Patrono
Cívico da Nação Brasileira.
Assim
como Tiradentes, vários outros modelos de heróis saltam a nossa
memória quanto aos interesses da cultura e população brasileira de
um determinado espaço-tempo: Zumbi, Macunaíma(?), Frei Caneca,
Antônio Conselheiro, Virgulino Ferreira(o Lampião), Getúlio
Vargas, Capitão Nascimento, Lula. Nossos heróis são figuras
míticas cheias de contrários no plano real e no plano fantasioso.
Manipulados pelo poder, ou não precisamente, marcam presença
exemplar em livros didáticos ou, emoldurados nas esculturas e
avenidas públicas pelo país.
Contudo,
não é herói somente aquele que ficou famoso pelas premissas da
grande mídia. Também é herói todos aqueles que lutam pela defesa
da vida, seja no trânsito, seja no trabalho voluntário, seja no
progresso da sociedade. Inclusive aqueles que sofrem devido a
debilidade pública – transportes, segurança, educação – e que
ao fim do mês, recebem apenas o seu salário mínimo. Estes sim são
heróis. Mais de 60% da população. Heróis anônimos do dia a dia
que lutam pela ordem da Nação. Mas, como disse o psicanalista Jorge
Forbes, será herói aquele que, frente à dúvida da escolha, fugir
do padrão comum, preferindo o risco e a responsabilidade da invenção
às soluções prontas. São
esses heróis que pouco se veem todos os dias.
De
certo modo, acreditar que o Brasil não teve ou têm heróis é, de
fato, uma análise bem finita e imprecisa. Exemplos foram e podem ser
citados. Talvez faltem sim, modelos de heróis no estilo
hollywoodianos (como estamos
acostumados), porém, estes, não perfazem a representação do povo
brasileiro. A população deve perceber isso. E, dessa forma,
proteger sua história e gente. Devemos pausar nossos relógios nessas datas
e tentar compreender o seu real significado. Reavivar o espírito de
cidadão-herói que defende e luta por sua pátria contra o
preconceito, a desunião e a corrupção, com a mesma moral de
Herói. Mesmo porque, se nós não damos valor no que é nosso,
nenhum outro povo se sentirá obrigado a fazê-lo também.
13 comentários:
Desculpe amigo, intendo seu ponto em dizer que os heróis do estilo hollywoodiano não representam o povo brasileiro, mas dizer que Tiradentes, Getúlio Vargas e Lampião foram heróis...ai é demais em...
Lampião era um ladrão, estuprador e sanguinário;
Getúlio, um ditador de extrema direita, instituiu a polaca, e tirou sarro da democracia...
Me lembro de Heróis nacionais como William Wallace ( interpretado por Mel Gibson em Coração Valente) e me reparo com a idéia que na nossa história não possuímos heróis que defendiam idéias na mais pura e corajosa forma...
Quem sabe um reflexo do comportamento da nossa população...
Triste...
Obrigado pelo comentário, caro Anônimo!
Pois bem, quando cito Virgulino, Getúlio Vargas ou Tiradentes como possíveis heróis nacionais de um passado recente, me refiro ao contexto social da época presentificando-os hoje.
Virgulino não era visto como "ladrão, estuprador e sanguinário" pelas pessoas de Serra Talhada que eram reprimidas pelo poder dos coronéis nordestinos. Era sim, visto como um "herói" que lutava e defendia-os, pois era gente como eles.
Getúlio não foi diferente. Possuía um espírito apaziguador que aparentava pensar nos pobres, daí o processo histórico encaixá-lo no populismo. Coadunar interesses políticos não é fácil até hoje... mas, concordo contigo: foi instituída a 'Polaca' em 37, de caráter fascista, e que deprimia a Constituição de 34.
Contudo, ficou o legado varguista: Salário Mínimo, Previdência Social, Direitos Trabalhistas e Sociais vivificados por nossa geração. Algo bem complicado de se conseguir antes de G.V., assim como a luta pela Independência de um país dominado por Elites. Tiradentes teve de lutar contra essas elites. E, tal como a personagem de sua lembrança - William Wallace - caro Anônimo, Tiradentes foi traído pelos seus companheiros. Assumiu sozinho a responsabilidade da rebelião mineira sendo considerado posteriormente o Patrono Civil do Brasil, conforme dita a historiografia.
De tudo, o centro da discussão não está em considerá-los explicitamente únicos representantes do caráter heroico brasileiro. Mas sim, em enxergar na pessoa que está ao nosso lado como a possível portadora deste predicativo tão honroso - ser Herói.
Felipe
Adoreei a reflexão ...
Estava procurando exemplos brasileiros de coragem e luta ...
Obrigada acrescentou na minha pesquisa ... Valeu
Obrigado Perla pelo carinho!
Espero muito ter te ajudo de alguma forma!
Cara isso mesmo! Falou como um verdadeiro Brasileiro. Chega de só olhar e dar aplausos para produtos estrangeiros e ícones estrangeiros. Vamos lá O gigante acordou!
Obrigado Dan pela sua colaboração!
Concordo plenamente em acabarmos de vez com essa exaltação aos valores externos. Temos muita coisa boa aqui dentro, mas as pessoas não conseguem enxergar isso. Precisamos mostrar que também somos bons e, porque não, até melhores que "os lá de fora".
Caro Felipe, infelizmente devo descordar de ti, Tiradentes não pode ser considerado herói brasileiro e sim um mercenário.
A causa raiz de sua luta não foi pela independência do Brasil e sim pela cobrança indevida do "quinto", que era realizada por Portugal.
Ele fazia parte da elite da época, participava da maçonaria, classe que sempre esteve no poder no Brasil e nunca fez nada pelo nosso povo e por eles Tiradentes foi traído covardemente, pagando assim o seu preço.
Herói foi Placido de Castro, Felipe Camarão, Caxias, Maria Quitéria, Zumbi dos Palmares, Chico Mendes, entre outros...
André Luiz Vieira
engandrelvms@gmail.com
BRASIL ACIMA DE TUDO, ABAIXO DE DEUS...
Olá, André! Muito obrigado pelo seu comentário!
Então, quando vemos de forma mais restrita o termo "herói" sendo dirigido a Tirantes, pode soar estranho quando analisamos superficialmente essa designação devido sua classe abastada. Mas isso não significa, genericamente, que ele não lutou pelo país.
Como você mesmo disse, uma das lutas dele era contra o "quinto", imposto que imperava durante aquele ciclo do ouro. Imposto esse que era cobrado (assim como a derrama) e levado para Portugal. Todos os dependentes da mineração eram contra pagar tal imposto. Entretanto, como acabar com ele? Expulsando os portugueses do Brasil, reivindicando a Independência! Daí a Inconfidência Mineira...
A Província precisava de autonomia frente a Metrópole, uma vez que não se podia fazer nada: nem investir na construção de indústrias nem desenvolver o comércio local. Tudo porque não havia uma Constituição. Assim, buscar a libertação do Brasil diante a monarquia portuguesa era a solução para acabar de vez com a opressão de impostos.
Ninguém quer pagar caros impostos (como no caso) para não receber nada em troca... vemos o nosso Presente sendo o exemplo... dessa forma, dizer que Tiradentes é ou não um herói para a nação depende do seu raciocínio: ou averiguar os fatos com o olhar do século XVIII ou julgá-los com o olhar do século XXI.
Felipe...qual a sua opinião sobre isso?
http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/dilma-sanciona-lei-que-inclui-brizola-no-livro-dos-herois-da-patria.html?utm_source=facebook
Olá Everaldo,
de fato, é interessante integrar Leonel Brizola à lista de heróis brasileiros. Claro que, como já mencionei aqui, acredito que todos somos heróis de alguma forma na construção da nação. Agora, no caso de Brizola, ele foi um dos que lutaram contra forças políticas que amedrontaram muitos naquele tempo. Vou me basear mais em argumentos que evitem questionar suas demandas durante as épocas de sua atuação dentro do governo, até porque não era esse o intuito do artigo em si.
Pois bem, dar reconhecimento a pessoas que acreditavam num país que fosse regido pelo povo e para o povo, sem imposições autoritárias é muito valoroso uma vez que demonstra seu poder de pensar e agir na sociedade. Todos nós precisamos de inspiração como essas, e sufocar trajetórias como a dele da nossa História é deveras contraprodutivo: alguém vai sempre relembrar. Apesar da luta de Brizola contra os militares e à instituições midiáticas ser recente para a Literatura Histórica, tanto ele quanto outros em esferas menores merecem tanto ou quanto o mesmo privilégio.
Pense comigo Everaldo, será que teríamos voz para falar sobre diversos assuntos que estão aqui no Blog sem pessoas como Brizola para botar a cara a tapa e brigar pelo direito de voz que temos hoje? Absolutamente não. Os assessores de Dilma também não são muito favoráveis a opinião e voz pública, contudo precisam espelhar atos de bom-mocismo... como a de "um esquerda que luta pelo povo". Se não fosse Dilma a sancionar a lei seria um outro, até mesmo quiça um direitista ou "centrista" mais sensato. O importante no fim das contas é o valor que fica: ser herói está ligado a um legado que fica, seja por motivação ou pela prova material dos acontecidos.
Ser herói é relativo.O Brasil teve vários heróis, como Tiradentes, Zumbi, Dom Pedro II, Lampião, etc. Só para esclarecer, o Lampião - apesar de ter cometido vários crimes - principalmente, após o assassinato de seu pai, fato que o deixou mais indignado ainda, que já combatia as injustiças praticadas contra os mais pobres, por isso, os pobres idolatravam o Lampião, enquanto que os ricos o odiavam, portanto, dependendo da classe social em que vc faça parte ou de sua ideologia, uma pessoa, um líder, etc. Pode ou não ser herói. Para muitos, ser herói é cruzar os braços - esses são uns fracos - para mim, ser herói é ir em busca de seus objetivos que possam, de algum modo satisfazer a sociedade como um todo, e, se não for possível, que satisfaça, pelo menos, a maior parte da sociedade, que são os mais pobres.
Obrigado pela sua colocação, Francisco!
De fato, ser heroi é relativo... mas isso depende do ângulo de visão. Veja bem, se para ser heroi, como você disse precisa ser "heroi do povo (senão dos mais pobres)" já não seria algo relativo? Ou, acha que o rico não tem seu heroi?
Os nossos herois são diferentes para cada classe social, só que isso não exclui de sê-lo um reflexo de quem nós somos ou queremos ser. E, se não temos uma metáfora personalizada desse conceito, é porque nem nós mesmos sabemos se existe essa figura que tanto buscamos "fora de casa". Ou seja, a questão não é ser rico ou pobre e sim a identificação de ser brasileiro. Ser um heroi vai além de ajudar o próximo, mas vai ser àquele que põe-se à mesa para modificar as cartas e dar um novo rumo seja ele bom (como os cinemas nos fazem pensar) ou mal.
desgraçado quem disse que o Lula é um herói esse bandido foi o maior corruptos que já existiu
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