O
documento final da Rio+20 ficou a desejar. Não faltaram ideias e
motivações para como atuar contra as mazelas globais, e sim
interesse. Vontade política que está fortemente ligada ao capital
nacional que nenhum país quer comprometer. E as desculpas são
inúmeras para fugir da responsabilidade. Pior, é que ninguém quer
se posicionar sozinho, nem cuidar do seu próprio quintal. Lastimável
posição dos governos do mundo.
Há
quase 30 dias deu-se o fim da Rio+20 no RJ. E disso, resultaram
acordos de pouco valor engajado. Quer dizer, ninguém quis tomar as
rédias da situação de fato. Enquanto os países ricos e seus
aliados discutiam as obviedades da pobreza no mundo, dos gastos sem
racionalidade e do desprezo pelo bem comum – especialmente de
caráter ambiental –, o tempo esteve passando sem muitas pretensões.
Sabe-se
que a reunião dos 193 Estados-Membros presentes na Rio+20 a fim de
se chegar a um consenso quanto a forma de lutar contra a desordem do
equilíbrio ecológico aliado ao bem-estar humano era o foco,
basicamente. Irrefutável é, o aquecimento global, a necessidade da
preservação das águas e florestas, do controle sobre as emissões
de poluentes, a proteção à vida. E ainda o capitalismo selvagem
resiste em notar que também será vítima caso não deixe de pensar
só em suas cifras.
Os
países mais pobres não devem ser igualados aos mais ricos. Seria
uma tremenda falta de bom senso e egoísmo, principalmente, dos
países de primeiro mundo. Mesmo porque, se aqueles – os pobres –
são ou estão assim, é justamente devido a ganância e covardia dos
super desenvolvidos no passado. Daí as supostas políticas de ajuda
humanitária que não solucionam os problemas dos subdesenvolvidos,
apenas os atenua. É uma forma mais aburguesada de dizer “olha, eu
estou ajudando eles”, ao invés de maneira efetiva auxilia-los em
ordem técnica e estrutural, a ultrapassarem este momento de crise
social.
Contudo,
a sociedade civil não pode ficar de fora das pautas e de seus
deveres. Boa parte das pessoas esperam pela boa vontade dos órgãos
públicos para agir. Não controlam o uso de sua água encanada, não
separam o lixo seletivamente para coleta, preferem consumir
combustíveis pesados e poluir, gastando horrores com energia
elétrica e besteiras do capitalismo modernoso. Isto é ter e passar
para filhos e netos uma ideia de uma consciência sustentável?
Em
suma: posso dizer que a Rio+20 foi um fracasso em partes. Boa, porque
o assunto não morreu com as gerações ou mudado em metas, ou
seja, cada vez mais pessoas se interessam pelo assunto e assim se
conscientizam e analisam mais o que é dito. Ruim, porque a atuação
dinâmica dos povos tem sido protelada há décadas. Não se fala em
lucros para os governos e sim custos. Esta é a razão de tamanha
dificuldade neste multilateralismo como disse Dilma e Ban Ki-Moon.
Ninguém quer arcar com os custos de sua própria sujeira, que aliás
é proporcional: compro mais, sujo mais, logo, gasto mais para limpar. Se cada um
fizesse sua parte nesta ocasião, as dificuldades não seriam tão
grandes como se preveem hoje.
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