"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Voltaire

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A PELEJA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICA


Não é de hoje que se ouve falar dos problemas na educação pública brasileira. São inúmeros, mas basicamente firmados em quatro pilares como remuneração salarial, infraestrutura universitária, fortalecimento da grade acadêmica e o aumento quantitativo de escolas superiores. Estes foram os principais argumentos dos professores universitários federais, que já estavam em greve há quatro meses. Vencidos pelo cansaço imposto pela omissão governista, agora, os docentes retomam as suas funções após ouvirem a opinião de Ministro da Fazenda Guido Mantega: “a educação vai quebrar o Brasil”... reles mortal.

Desde 17 de maio, 57 das 59 federais estavam com suas atribuições suspensas em questão da greve dos professores. Foram quase totalmente paradas as atividades nas faculdades de ensino em busca da melhoria nas IES (Instituições de Ensino Superior). Estavam presentes servidores e também alunos nas várias passeatas e reivindicações “pró-ensino público de qualidade”. Porém, enquanto isso, a cúpula do governo em Brasília, onde se reuniam no horário do lanche para bater um papo descontraído sobre a crise nas federais com diversos pedagogos e ministros, lá também estava o glorioso ministro Guido Mantega quando soltou sua pérola: “O investimento em educação vai quebrar o Brasil”.

Bem, deduz-se que para um indivíduo ser ministro deveria, ao menos, saber o que diz publicamente. Almejar lucros únicos e exclusivos com a venda de produtos-da-terra, é demonstrar incompetência analítica como um participante da administração estatal. Contudo, ainda em Brasília, analisando a conduta do Ministério da Educação (MEC) com Aloísio Mercadante, a situação se torna mais deprimente: “Estou surpreso com a deflagração da greve (em maio)”, disse o ministro. Ora, absurdo seria não estar, pois o MEC desde o início não esteve a frente sequer das negociações, que foram incumbidas ao Ministério do Planejamento.

Os principais sindicatos da categoria “brigaram” por mudanças (com dúvidas ao Proifes – sindicato elaborado pelo governo). Entretanto, o governo se mostrou distante ou mesmo pouco motivado a colaborar. É mais fácil incentivar o ensino privado que forma alunos técnicos, não cientistas (que possuem uma grade curricular deveras insuficiente e relaxada), e abrir vagas via Prouni e Fies em particulares. Ou seja, privatizar indiretamente a educação. O professor da USP e UFRJ Carlos Eduardo Martins em seu texto no Blog da Boitempo “Hora de abandonar a herança maldita: O governo Dilma e as greves no Serviço Público”, expõe dados relevantes quanto as matrículas no ensino superior. Hoje, do total de matriculados no país, contam só com 25% no ensino superior público. Um contrassenso para um país que deseja ser uma grande potência no mais abrangedor da palavra.

Por fim, a peleja educacional brasileira se arrasta há tempos e o número de culpados é grande. O abismo cultural e intelectual no país é um absurdo. Daí o ínfimo incentivo populacional às greves julgando os professores como bandidos ou uma corja de safados. Quem forma cidadão ativo e consciente são professores, não são policiais, nem políticos ou qualquer outro agente de Estado. Não são os doutores e mestres que “perderam”, por cansaço, sozinhos por uma reforma mais profunda na conjuntura educacional. Ninguém trabalha se seu dinheiro for perdendo força por falta de reajustes devido a inflação. Mão-de-obra qualificada e especializada que no Brasil é menosprezada, infelizmente. O que esperar de uma nação que se transforma quando vê uma bola rolar ou quando ouve uma batucada soar?

***VÍDEO:

EDITORIAL BAND: 29/06 SOBRE AS GREVES NAS FEDERAIS



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