Jota,
via Portalodia.com
Não
é fácil escrever um texto crítico para aqueles que realmente
deveriam lê-lo. Talvez porque aos detentores do poder não seja bom
propagá-lo, ou então, não permitam que muitos desinformados do
passado tenham consciência de sua ignorância quanto a importância
da informação, por exemplo, nesse texto subscrita. Assim viveram
inúmeros autores e literatos clássicos, que ainda na vida moderna,
são ignorados. Dessa forma, por uma análise contextual, se percebe
a dificuldade quase cega do povo de enxergar o real propósito de
programas mirabolantes de Governo, como o Mais Médicos. Uma massa
facilmente manipulável que se vê "atendida" em seu clamor
pelo imediatismo político, sem ter a consciência do perigo do
futuro vivido agora no presente.
A
Medicina brasileira vem sendo atacada a tiros de metralhadora. E por
quê? Tudo veio às claras quando o povo já fatigado, inconformado
com inúmeras pendengas e mazelas do Brasil, em especial a Saúde
Pública, foi pra rua. A partir daí, toda a parafernalha legal dos
bastidores começou a vir à tona: regulação da profissão médica,
importação de mão-de-obra médica, reestruturação do curso
médico. Seria a solução do problema caótico do SUS... 13
estrelinhas na testa para a nossa excelentíssima e seus secretários!
No entanto, se fosse só isso, até mesmo o governo mais incompetente
poderia tê-la proposto. Mas porquê só agora no fim do mandato?
Bem,
sabe-se que a constituição brasileira em seus artigos 196 ao 200
prima pela defesa da Saúde Pública como dever de Estado. E, na
tentativa mais que desesperada pós-revoltas por marketing político
para 2014, o PT via Governo Dilma, enviou projetos com finalidade
ímpar de demonstar alguma solução para o caos da Saúde Publica.
Ou seja, medidas como a reformulação da atividade médica, a
contratação de "médicos" estrangeiros sem averiguação
de seus conhecimentos por meio do Revalida, e, a exigência de
trabalho obrigatório no SUS para os ingressantes em medicina a
partir de 2015, foram medidas autoritárias e impositivas que a
própria população apoiou e apoia nesses projetos. Não é pra
menos, uma vez que quando se está doente é de caráter urgente a
necessidade de uma consulta, encaminhamento ou, quiça uma
internação. Entretanto, todos os males da Saúde Pública no Brasil
estão sendo descaradamente vinculados ao profissional médico, como
se só ele resolve-se tudo.
Todos
sabemos que para ser atendido em alguma unidade básica de saúde é
uma tortura. Primeiro, porque a própria infraestrutura já é
desanimadora. Não só para o acolhimento do paciente, mas também o
próprio leito (caso seja necessário). As instalações para a
manutenção de equipamentos e medicamentos, além do espaço
destinado a uma simples consulta também não são motivadoras.
Segundo, a falta efetiva de médicos para atendimento. É fato:
faltam médicos nos postos e cais para atendimento clínico. Porém,
existem médicos para isso? Sim. Então? Um dos reais motivos para
isso acontecer é a inexistência de um plano de carreira médica no
Estado. Isto é, diferentemente de um formado em Direito, em
Engenharia, em Economia, que possuem um plano para progredir dentro
da sua carreira, o profissional médico não entra nessa pauta. Dessa
maneira, incentivos como melhores salários e de reciclagem técnica
não fazem parte de sua realidade, desestimulando o ingresso no
funcionalismo público.
Apesar
de saber disso, os poderes Legislativo e Executivo não se mexem para
resolver tal questão. Sobra a medida mais simples, portanto, aprovar
medidas provisórias ao modo "jeitinho brasileiro" para
resolver as coisas. Daí contratar supostos médicos estrangeiros sem
a comprovação de diploma (como a barganha cubana). Uma atitude que
só governos atrasados e populistas não mostram em seu Plano de
Governo, mas põem em prática. Infelizmente, quem impõe tais
circunstâncias não usufruem do serviço prestado, uma vez que eles
sabem dos riscos. Não obstante, deve-se salientar: a medicina
brasileira não é contra a vinda de médicos estrangeiros, mas sim
contra a autorização para praticar a medicina sem o devido
reconhecimento médico. São vidas que estão sendo levadas em
consideração. O bem mais precioso de alguém, que não deve ser
entregue a uma pessoa desqualificada. Por isso, a resistência dos
CRMs para a expedição do registro dito provisório.
De
qualquer forma, é desanimador perceber que a mesma população que
até então consultava com médicos de referência, então, os
estigmatiza. Não são todos os mal-informados que possuem a
possibilidade da informação correta visto que a nossa mídia é
extremamente tendenciosa. No entanto, um pouquinho de bom senso vem a
calhar... "por qual motivo será que os médicos reivindicam
respeito no atendimento público?" Certamente não é pelo bom
salário recebido ou a infraestrutura top de linha.... Caso leitor
você ainda concorde com o massacre que a medicina vem sofrendo,
convido-o para uma breve reflexão: será que se todo esse jogo
político que precariza o SUS fosse abatido, resolveria o problema?
Talvez. Então, se abater o jogo político que nasce da necessidade
de aprovação do eleitor tem que acabar, para que, finalmente,
pontuar medidas específicas e pontuais nessa área? Cadê os planos
para hospitais, postos de saúde, contratações de ambulâncias,
pedidos de remédios... triste será ser médico em um país que
poucos dão o real valor, em especial aos mais persistentes... se sua
vida vale pouco pra você, continue votando em quem está no poder.
>>> Publicado também em:
"Correio do Estado": http://flip.siteseguro.ws/pub/correiodoestado/?date=2013-10-25
“BBC
News”:
http://www.bbcnews.com.br/noticia/131599-medicina-no-brasil-uma-questao-puramente-politica-.html
VÍDEO:
Professor Dorival Filho
Professor Dorival Filho